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  • 11 de dezembro de 202511 de dezembro de 2025
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Por que nos Apegamos ao que Desaparece? A Ilusão da Matéria e o Custo Invisível do Desejo

Há uma pergunta silenciosa que atravessa séculos, tradições e mestres: por que insistimos em nos apegar ao que, por natureza, não pode durar?
Buda, Sêneca, Epicteto, Aristóteles, Padmasambhava — cada um à sua maneira apontou para a mesma direção: a matéria é efêmera; o apego, um convite ao sofrimento.

E ainda assim, continuamos agarrados.
Como se pudéssemos deter o vento com as mãos.


A alegria que evapora

Pense no objeto que você desejou por meses — talvez anos.
A euforia ao conquistá-lo é real: uma chama breve, brilhante, quase ingênua.
Mas, passado o instante, o que resta?

Um objeto inerte.
Num canto. Pegando poeira.
Voltando às suas mãos apenas no dia da faxina, antes de ser vendido, esquecido ou jogado fora.

A conta é simples e cruel:
investimos tempo, energia e vida em algo que nos retribui com um prazer que dura menos do que o esforço empregado.

E, como bem sabemos, para quem vive de salário e vende horas ao empregador, tempo é literalmente vida convertida em moeda.

Se o retorno é tão curto, por que insistimos?


O mundo é composto — e tudo o que é composto se desfaz

A filosofia budista resume em uma frase o que a experiência comprova:
“Tudo o que é composto é impermanente.”

A natureza inteira é sustentada pela dança da transformação:

  • a planta se alimenta do solo,
  • o solo se nutre de vidas que deixaram de existir,
  • a lagarta devora a planta,
  • a borboleta nasce da morte da lagarta.

Nada permanece.
Nada mantém a forma.
Nada escapa ao fluxo.

Se até um ser vivo — com pulsação, respiração e instinto — se desfaz, por que imaginar que nossos objetos resistiriam ao tempo?

Todo aparelho, toda roupa, todo carro, toda casa… tudo é um empréstimo temporário da matéria.
Um dia, tudo volta ao pó.

Então por que insistimos em tratá-los como eternos?


Desejos que não são nossos

Há um momento em que a reflexão se torna mais incômoda:
quantos dos nossos desejos realmente nascem de nós?

Você acredita mesmo que precisa de um carro?
Ou apenas quer porque o vizinho comprou?
Porque disseram que sucesso tem rodas?
Porque o ego gosta de se vestir de metal brilhante?

Às vezes, um transporte coletivo resolve.
Às vezes, um Uber é suficiente.
Às vezes, não precisamos de nada disso — apenas fomos treinados para achar que precisamos.

Vivemos numa cultura que fabrica necessidades.
E chama “conquista” aquilo que, no fundo, é só um objeto com prazo de validade.

Um aluguel disfarçado de vitória.


O preço do apego

O apego tem um custo:
ele cobra tempo, energia, dinheiro e paz.
E, no final, entrega apenas um punhado de prazer passageiro —
um eco distante da euforia que tanto prometia.

Quando entendemos isso, as palavras dos mestres deixam de ser metáforas e se tornam advertências:

O que se apega ao impermanente sofre inevitavelmente.


Então… vale a pena?

No fim, resta apenas a pergunta que marca o início de qualquer transformação interna:

Para você, vale a pena investir sua vida em algo que já nasce condenado a desaparecer?

A resposta não é filosófica.
É íntima.
E talvez seja o primeiro passo para uma liberdade que não depende da posse, mas da clareza.

Tags:filosofia

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Paulo Henrique Matias De Brito

Sou Paulo — melancólico por vocação, estoico por necessidade. Escrevo como quem investiga feridas, atravessa dúvidas e coleciona silêncios. No nirupadhi.com, compartilho reflexões nascidas entre o ceticismo e a fé, o desassossego e o estudo. Busco clareza sem pressa e sentido nas entrelinhas. Escrever, pra mim, é modo de existir.

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